29.1.07

Tudo a ver

Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar


Friedrich Wilhelm Nietzsche

Viver não faz sentido

Viver não faz sentido

Essa sentença, verdade mais fundada, seria o suficiente para que aquiescer todos os corações aflitos por uma resposta. Fato consumado. Não tem sentido. Decerto, ainda que saibamos disso, teimamos em trabalhar, escrever poemas, pintar, filosofar porque algo que não sabemos bem o quê ainda nos inquieta. Alguns indivíduos que optaram por criar uma barreira de estupidez ou manter a sua mente ocupada com coisas mais utilitárias só quando acidentalmente deixam se submergir em seu interior sentem esse incomodo que é se deparar com a pergunta. Enquanto a mim, tenho me esforçado bastante para manter o foco no que nos escapa. É engraçado ver que a maioria não pode se dar ao luxo, ou finge que não pode, de se desligar um pouco da materialidade. Tenho me deliciado com a sensação de que sou um dos poucos privilegiados e que estou acima dos que se acham acima de mim. Por essa ótica vejo com desdém as lindas garotas, que emanam o discreto charme da burguesia e apaixono-me pelo menos por uma , que cruzo no shopping e que não me dão a mínima. O encarregado do RH da empresa que está se achando o máximo por não me pagar o valor de mercado. Ainda que pareça conformação e auto-indulgencia vou levando. Me sinto privilegiado por não ter um trabalho que consome totalmente. Aceito ganhar menos por isso. Me presenteio com tempo para ler e-books como "A metamorfose" de Franz Kafka. O que tem me sustentado, nesse mar de más noticias que o mundo está afundando, é essa noção de que estou nadando contra a maré, que não está pra peixe. Independente de tudo, o ovo continua se fazendo enquanto as supercordas vibram. E que eu me lembre disso quando o cheque especial estourar. Saravá!

10.1.07

Tudo a ver

Antítese?

"A grandeza consiste em tentar ser grande. Não há outro meio"

"Não quero ser um génio... Já tenho problemas suficientes ao tentar ser um homem"

Albert Camus

6.1.07

Tudo a ver

Já estou cheio de me sentir vazio.
Renato Russo

5.1.07

Cada louco com sua mania

Estava com o pensamento longe e não sei bem por que comecei a divagar sobre as muitas loucuras das quais a humanidade foi capaz de realizar. Nazismo, Facismo, seitas e tudo o que envolva um estado mental fora do comum.


Tenho cá pra mim que os loucos como Hitler e Inri Cristo tem todo o direito de criar suas leis e interpretações sobre a realidade. Não cabe a ninguém entender como esses tipos chegaram a tais conclusões e criaram os seus sistemas filosóficos. A título de curiosidade até vale tentar entender. Devemos respeitar o mundo do louco, o que não podemos é aceitar que idéias tresloucadas como a que esses indivíduos formulam sejam assimiladas e tornem-se o norte de muitos indivíduos. Mas não é fácil em determinadas situações não nos rendermos a alguns apelos que certas idéias nos trazem. Ao se entregar a uma conduta religiosa, política ou social, o indivíduo pode estar preenchendo uma lacuna moral ou afetiva. Na Alemanha pré-nazista, o desmantelamento da economia e da ordem social decorrente da pós-guerra e do Tratado de Versalhes fizeram com a que a população se rendesse as idéias de cunho racista e sem embasamento unidas a uma ação política de certo modo eficaz que ergueu a Alemanha. Alguns especialistas até afirmam que existiu nesse contexto uma sociedade Socialista, uma vez que a autoridade e não os consumidores quem controlava a produção. Atrocidades como Auschwitz foram as menores razões que impeliram os EUA a entrar na Segunda Guerra. Depois de ter vendido armas a "rodo" será que era interessante deixar um continente importante como a Europa sob destroços? Creio que não. Era chegada a hora de implodir o sistema adotado na Alemanha que poderia ameaçar o capitalismo, e que a tirou da miséria, e ser o "Salvador e Guardião da Paz". Notem que a minha crítica não foi ao modo que o Nazismo conduziu as questões práticas de uma nação, mas nas barbaridades realizadas contra a vida.
Falemos de mais loucuras. Sessão do descarrego, unção do óleo sagrado, corredor do sal, corrente da libertação e uma infinidades de lorotas. Sim, estou falando da Igreja Universal do Reino de Deus (deu uma vontade de escrever Igreja Pentecostal Loucuras de Meu Deus, como parodiaram Hermes e Renato). Trata-se de loucuras, mas não resultado de devaneios legítimos de um louco. Trata-se de hienas que encontraram um nicho na sociedade capaz de explorar com métodos sensacionalistas incautos, deprimidos e pessoas marginalizadas da cultura. Tenho uma vontade enorme de pegar uma câmera e sair pelo mundo afora filmando as cerimônias dessa podre instituição caça-níqueis para desmascarar esses servandijas sanguessugas que já se alastraram pelos demais continentes. Garanto que não me agrada nenhuma religião. Acredito que uma boa parte da humanidade já esteja pronta para um novo contexto de espiritualização que não o arcaico julgo de “lideres” espirituais. Em especial, tenho ganas de desmoralizar Edir Macedo. Pensando bem em seguida poderia vir o George Bush, Papa, aiatolá Khamenei...

Concluindo, nenhuma ação que tomemos é isenta de qualquer prejuízo a alguém ou totalmente eficaz. O que proponho é que sejamos lúcidos o bastante para alcançar uma justiça pessoal. Há que adotar um pouco da filosofia dos cínicos que é o desprendimento das fórmulas e conveniências sociais para que então possamos direcionar nossos atos da melhor maneira em relação a essa postura.

3.1.07

Poema

O poema a seguir foi escrito a pouco tempo, quando sofria de apaixonite aguda, e faz parte de uma coletânea intitulada : Aquário ou Reminiscências e vestígios do Extinto

ser ilha

seremos todos ilha?

estamos condição ilha?

só sei que dói

corrói nosso juízo

a vontade continente

quero ponte ou balsa

nem me conheço e quero o outro

solução mais desatada

quando contingente

contagia e é deleite

simplesmente ser sonhada

Brilho eterno de uma mente sem lembranças

Acabei de assistir pela terceira vez, e de forma mais atenta, o filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças. Rever esse filme é essencial para a apreensão de detalhes que nos escapariam quando assistido pela primeira vez. Pirotecnismos do roteiro à parte, algo que Charlie Kaufman faz com maestria, notei que o filme, se não trata de tudo, trata de quase tudo ao que diz respeito a um relacionamento amoroso. Encantamento pelo desconhecido e o prazer de novas descobertas seguidos de tédio e prostração. Clementine, interpretada brilhantemente por Kate Winslet (aquela "gordinha" protagonista do Titanic) e Joel (Jim Carrey) ao se (re)conhecerem aterão-se aos traços da personalidade um do outro que os fascina para então criar laços afetivos. Mal sabem eles que no processo de "desmemorização" ambos falam coisas horríveis do outro em seus depoimentos gravados. Talvez a fórmula do eterno amor (quanta pieguice!) consista no fato de deletarmos as memórias cujas mágoas estão guardadas. A quem não quiser se submeter a esse processo, mostrado nessa produção holiwoodiana (incrível né?), o exercício que devemos nos propor seguir é uma maior atenção ao que nos atrai no outro e se vale a pena desconsiderar essa atração conforme vamos nos ferindo no trato cotidiano, ou ainda se não deveríamos evitar criar tais desgastes nos relacionamentos, sejam eles amizades, parentais ou amorosos .

Eu acredito piamente que eu fui submetido à essa técnica de desmemorização. Me recuso a acreditar que aos 23 anos (quase 24) eu não tenha dividido minhas alegrias e tristezas com alguém. O que me alegra, mesmo sem lembrar, é ter vivido uma história. Sei que pedi aos meus familiares e amigos esconderem que amei uma linda mulher, pelo menos linda aos meus olhos que vêem sutis belezas. Algo me diz que em Montauk ela estará me esperando, num frio dia de fevereiro, olhando o mar.

2.1.07

 Posted by Picasa

"Não é fácil escrever. É duro quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados"
(Clarice Lispector)

Há mais que 50 milhões de blogs espalhados pelo mundo afora. A cada segundo dois novos são criados. Ate´que você chegue ao fim dessa frase uns 8, no mínimo, já estão novinhos em folha. Eu confesso que nunca estive muito disposto a manter um. Ter mais algo para eu ficar arrependido de não dar atenção devida, gerando em mim mais uma frustração . Some a isso o que foi dito acima pela escritora que tenho maior apreço. É, não é mesmo tarefa das mais fáceis. E como desnudar-se diante de possíveis leitores. Comunicar é uma dos esforços mais complicados que alguém pode empreender. Mas o título do meu blog está aí afim de me redimir. Midcult: bens simbólicos cujo o pseudo-eruditismo é resultado de um mascaramento da intenção primeira que é a comercialização acima da estética, ou uma incapacidade de atingir a verdadeira arte. Creio que a segunda definição possa ocorrer com maior freqüência no meus textos que a partir de agora me proponho a compor. Se por ventura escrever algo digno de ser classificado como coerente e válido gostaria que alguém me avisasse.
Se escrever é tão complicado pra que mais um blog? Já não basta os inúmeros outros que não mais fazem do que ocupar alguns megabites no servidor do blogger? Bem, pra quem se propôs a cursar Comunicação Social com habilitação em cinema é o mínimo que se pode esperar. Ah, tem um pouco de vaidade também.